Por Luiz Gustavo Cristino
Era uma vez um violinista. Embora ele fosse famoso na
região por sua arte, a maioria da população das vilas locais sabia muito pouco
sobre ele, sobre quem ele era, suas convicções e seu comportamento. Muitos,
aliás, nem saberiam identificá-lo pelo rosto, pois sua identidade era mantida
às sombras sob as quais o artista tocava seu violino.
Um dia, isso mudou. O violinista saiu da penumbra e foi
tocar à luz do dia, à vista do público. Os poucos que já o conheciam bradavam,
comemoravam e chamavam as pessoas para ver o desempenho do artista, que, em um
primeiro momento, parecia ser destinado ao sucesso absoluto.
Desacostumado com toda aquela exposição, o violinista
acanhou-se, guardou o violino e escondeu-se novamente nas sombras, sendo pouco
notado. A decepção tomou conta daqueles que havia saído às ruas apenas para
vê-lo, e ele foi rapidamente vaiado, hostilizado e levado para a cadeia de uma
das vilas do país, onde aguardaria julgamento. Acabou inocentado.
Depois de receber o veredicto, o violinista notou que
precisaria de uma postura mais agressiva em seu show. Ele havia percebido que o
medo de se mostrar e de desagradar a tantas pessoas que estavam assistindo
era o seu pior inimigo. Pegou novamente o seu violino e, desta vez, passou à
posição de comando, guiando alguns seguidores pelos melhores caminhos e
inspirando-os a se tornarem vitoriosos.
De lá pra cá, Amon Lima só tem crescido nessa turnê do show
chamado Aprendiz Celebridades e mostrando que, com garra e esforço, é possível
chegar longe. Concordo plenamente com o argumento de Amon na última sala de
reunião, em que o participante afirmou que se superou. E vou além: Amon Lima é,
ao meu ver, o candidato que mais se superou ao longo de toda a temporada.
Apesar de ter começado bastante apagado, soube jogar estrategicamente o
jogo do Aprendiz (e o que eu chamo de “jogo” são os aspectos referentes à
dinâmica do formato, que vai além da execução das tarefas) e transformar sua
fraqueza inicial em um dos principais motivos para considerarmos Amon um
destaque entre os participantes desse Top 8.
Sua liderança, a única que vimos até agora, mostrou um líder
tranquilo, mas com sabedoria suficiente para compreender os momentos em que era
importante interferir, como os atritos entre Michele e Mônica. E mesmo quem não
gosta desse perfil mais conciliador há de reconhecer que sair de uma
performance apagada para uma liderança vitoriosa não é para qualquer um.
Guardadas as devidas proporções e fazendo ressalvas em
relação a trapalhadas como cair do barco (uma baita Amonzice), o perfil de Amon
me lembra o de Karina Ribeiro, vice-campeã do Aprendiz 6 e 9ª colocada de
Aprendiz, O Retorno. Para algumas pessoas, isso pode ser considerado um
problema, mas, vindo de mim, é um dos maiores elogios que eu poderia fazer no
contexto do Aprendiz.
Os melhores líderes, na minha opinião, são aqueles que
sabem motivar e fazer o grupo se sentir confortável com seu ambiente de
trabalho, suas funções e sua equipe. E eu vejo esse esforço vindo de Amon
constantemente nas relações de confiança com a Fênix, inclusive quando ele volta atrás numa sala de reunião para
dizer que Mônica Carvalho se exaltou ao chamar Michele Birkheuer de “mentirosa”
e “sem caráter”. Ele, que sempre apoiou Mônica e que esteve ao lado da Fênix
nas críticas a Michele. Justamente por essa posição anterior, achei o drama de dizer que Michele
cometeu uma “traição” por ter afirmado que se sentiu odiada extremamente
desnecessário, mas essa deve ser mais uma Amonzice que a gente consegue
perdoar.
Talvez eu esteja enganado, e estou aberto a essa
possibilidade, mas a trajetória de Amon me faz enxergar três facetas: o Amon
ponderado e político em suas relações de trabalho, o Amon esforçado e sempre
disposto a crescer e a melhorar na execução das tarefas (e nada é mais
interessante em um reality show de competição do que personagens que mostram
crescimento e evolução), e, por fim, o Amon calculista e estrategista em
relação a decisões de jogo.
Curiosamente, Amon é o participante em cujos relatos mais
confio, ele é um cara que inspira isso. E, a meu ver, está
junto com Michele, Priscila e Christiano no grupo dos únicos que consigo ver
como campeões da temporada. Eu diria até que, estatisticamente, Amon é o que
tem mais chances de chegar a uma final, já que seu perfil é o único que permite que ele forme, contra
qualquer um dos outros três, um embate entre dois participantes de estilos opostos,
coisa que o programa adora.
Assim, nosso violinista segue pegando seu bloquinho e avançando
de mansinho. E, ao mesmo tempo em que torcemos o nariz cada vez que ele saca
aquele violino tarefa após tarefa, precisamos estar cientes de que sua melodia
aparentemente inofensiva ainda pode carregar a concorrência para o rio e
afundá-la sem dó nem piedade. E, ao menos por enquanto, eu não posso dizer que
ficaria insatisfeito com esse desfecho.
SOBE
- Michele Birkheuer
Conseguiu o que queria: liderar uma equipe sem Mônica
Carvalho. Resta saber agora se a modelo, cuja liderança desta semana certamente
definirá sua trajetória na temporada, nos provará que Mônica era mesmo o seu
problema.
- Beth Szafir
Porque é a única que sabe como se portar à mesa e ainda tem
passe livre para dizer em rede nacional que uma telespectadora do programa “tomou ácido”. Não dá pra não amar essa mulher!
- Terceiro Conselheiro
Finalmente as perguntas e comentários do público escolhidos
pela produção para que Roberto Justus lesse na sala de reunião foram realmente
boas! Tiraram os concorrentes da zona de conforto e os desafiaram a olhar para
si mesmos e para os defeitos que eles vêm nos mostrando e a reagir a isso. Que a boa fase continue!
- Christiano Cochrane
Fez uma ótima liderança e, depois dessa vitória, vai aos
poucos aumentando suas chances de roubar dos favoritos iniciais do público uma
das duas vagas na final. Para isso, só precisa deixar um pouco de lado as picuinhas e esse lado gratuitamente esquentadinho (e, principalmente, esquecer Nahim!).
DESCE
- Raul Boesel e Andréa Nóbrega
Quando eles não são líderes, ninguém fica sabendo o
que fizeram no programa (Beth, inclusive, nem sabia direito se Raul havia ou
não havia sido a favor da distribuição de brindes no camarote). Sei que qualquer uma das líderes derrotadas (entre Michele e Ana Moser) estará extremamente vulnerável numa sala de reunião, mas a equipe que perder precisa dar um jeito de tirar um desses dois!
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