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terça-feira, 3 de junho de 2014

O violinista de Hamelin

                                                                                                                       Por Luiz Gustavo Cristino


Era uma vez um violinista. Embora ele fosse famoso na região por sua arte, a maioria da população das vilas locais sabia muito pouco sobre ele, sobre quem ele era, suas convicções e seu comportamento. Muitos, aliás, nem saberiam identificá-lo pelo rosto, pois sua identidade era mantida às sombras sob as quais o artista tocava seu violino.

Um dia, isso mudou. O violinista saiu da penumbra e foi tocar à luz do dia, à vista do público. Os poucos que já o conheciam bradavam, comemoravam e chamavam as pessoas para ver o desempenho do artista, que, em um primeiro momento, parecia ser destinado ao sucesso absoluto.


Desacostumado com toda aquela exposição, o violinista acanhou-se, guardou o violino e escondeu-se novamente nas sombras, sendo pouco notado. A decepção tomou conta daqueles que havia saído às ruas apenas para vê-lo, e ele foi rapidamente vaiado, hostilizado e levado para a cadeia de uma das vilas do país, onde aguardaria julgamento. Acabou inocentado.

Depois de receber o veredicto, o violinista notou que precisaria de uma postura mais agressiva em seu show. Ele havia percebido que o medo de se mostrar e de desagradar a tantas pessoas que estavam assistindo era o seu pior inimigo. Pegou novamente o seu violino e, desta vez, passou à posição de comando, guiando alguns seguidores pelos melhores caminhos e inspirando-os a se tornarem vitoriosos. 

De lá pra cá, Amon Lima só tem crescido nessa turnê do show chamado Aprendiz Celebridades e mostrando que, com garra e esforço, é possível chegar longe. Concordo plenamente com o argumento de Amon na última sala de reunião, em que o participante afirmou que se superou. E vou além: Amon Lima é, ao meu ver, o candidato que mais se superou ao longo de toda a temporada. Apesar de ter começado bastante apagado, soube jogar estrategicamente o jogo do Aprendiz (e o que eu chamo de “jogo” são os aspectos referentes à dinâmica do formato, que vai além da execução das tarefas) e transformar sua fraqueza inicial em um dos principais motivos para considerarmos Amon um destaque entre os participantes desse Top 8.

Sua liderança, a única que vimos até agora, mostrou um líder tranquilo, mas com sabedoria suficiente para compreender os momentos em que era importante interferir, como os atritos entre Michele e Mônica. E mesmo quem não gosta desse perfil mais conciliador há de reconhecer que sair de uma performance apagada para uma liderança vitoriosa não é para qualquer um.

Guardadas as devidas proporções e fazendo ressalvas em relação a trapalhadas como cair do barco (uma baita Amonzice), o perfil de Amon me lembra o de Karina Ribeiro, vice-campeã do Aprendiz 6 e 9ª colocada de Aprendiz, O Retorno. Para algumas pessoas, isso pode ser considerado um problema, mas, vindo de mim, é um dos maiores elogios que eu poderia fazer no contexto do Aprendiz. 

Os melhores líderes, na minha opinião, são aqueles que sabem motivar e fazer o grupo se sentir confortável com seu ambiente de trabalho, suas funções e sua equipe. E eu vejo esse esforço vindo de Amon constantemente nas relações de confiança com a Fênix, inclusive quando ele volta atrás numa sala de reunião para dizer que Mônica Carvalho se exaltou ao chamar Michele Birkheuer de “mentirosa” e “sem caráter”. Ele, que sempre apoiou Mônica e que esteve ao lado da Fênix nas críticas a Michele. Justamente por essa posição anterior, achei o drama de dizer que Michele cometeu uma “traição” por ter afirmado que se sentiu odiada extremamente desnecessário, mas essa deve ser mais uma Amonzice que a gente consegue perdoar. 

Talvez eu esteja enganado, e estou aberto a essa possibilidade, mas a trajetória de Amon me faz enxergar três facetas: o Amon ponderado e político em suas relações de trabalho, o Amon esforçado e sempre disposto a crescer e a melhorar na execução das tarefas (e nada é mais interessante em um reality show de competição do que personagens que mostram crescimento e evolução), e, por fim, o Amon calculista e estrategista em relação a decisões de jogo. 

Curiosamente, Amon é o participante em cujos relatos mais confio, ele é um cara que inspira isso. E, a meu ver, está junto com Michele, Priscila e Christiano no grupo dos únicos que consigo ver como campeões da temporada. Eu diria até que, estatisticamente, Amon é o que tem mais chances de chegar a uma final, já que seu perfil é o único que permite que ele forme, contra qualquer um dos outros três, um embate entre dois participantes de estilos opostos, coisa que o programa adora. 

Assim, nosso violinista segue pegando seu bloquinho e avançando de mansinho. E, ao mesmo tempo em que torcemos o nariz cada vez que ele saca aquele violino tarefa após tarefa, precisamos estar cientes de que sua melodia aparentemente inofensiva ainda pode carregar a concorrência para o rio e afundá-la sem dó nem piedade. E, ao menos por enquanto, eu não posso dizer que ficaria insatisfeito com esse desfecho.

SOBE


- Michele Birkheuer
 

Conseguiu o que queria: liderar uma equipe sem Mônica Carvalho. Resta saber agora se a modelo, cuja liderança desta semana certamente definirá sua trajetória na temporada, nos provará que Mônica era mesmo o seu problema. 

- Beth Szafir


Porque é a única que sabe como se portar à mesa e ainda tem passe livre para dizer em rede nacional que uma telespectadora do programa “tomou ácido”. Não dá pra não amar essa mulher!

- Terceiro Conselheiro


Finalmente as perguntas e comentários do público escolhidos pela produção para que Roberto Justus lesse na sala de reunião foram realmente boas! Tiraram os concorrentes da zona de conforto e os desafiaram a olhar para si mesmos e para os defeitos que eles vêm nos mostrando e a reagir a isso. Que a boa fase continue!

- Christiano Cochrane


Fez uma ótima liderança e, depois dessa vitória, vai aos poucos aumentando suas chances de roubar dos favoritos iniciais do público uma das duas vagas na final. Para isso, só precisa deixar um pouco de lado as picuinhas e esse lado gratuitamente esquentadinho (e, principalmente, esquecer Nahim!).

DESCE


- Raul Boesel e Andréa Nóbrega



Quando eles não são líderes, ninguém fica sabendo o que fizeram no programa (Beth, inclusive, nem sabia direito se Raul havia ou não havia sido a favor da distribuição de brindes no camarote). Sei que qualquer uma das líderes derrotadas (entre Michele e Ana Moser) estará extremamente vulnerável numa sala de reunião, mas a equipe que perder precisa dar um jeito de tirar um desses dois!

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