O Aprendiz o Retorno é um mercado de limões?

Por A Demetida

Olá a todos,

Hoje irei falar um pouco sobre limões. Não, nada sobre a famosa frase "Se a vida te der limões, faça limonada". E nem vou falar sobre a fruta (ou seria limão um legume?)

George Akerlof é um economista americano, mais conhecido por seu trabalho em "assimetrias de informação", o que lhe rendeu o prêmio Nobel de economia em 2001.

Akerlof estudou o mercado de carros usados e concluiu que a presença de carros com defeito ("limões") acaba levando pessoas com carros usados de boa qualidade ("cerejas") a não colocarem seus carros no mercado. Portanto, um mercado de carros usados é geralmente infestado de "limões". A explicação para isso é muito simples e é baseada no princípio de "seleção adversa".

Em um mercado de carros usados, você esperaria encontrar "limões" e "cerejas". Quem vende o carro tem mais informação sobre sua qualidade do que o comprador. Por exemplo, o vendedor pode conhecer algum defeito mecânico, ou pode ter batido o carro e feito um reparo imperceptível aos olhos mal-treinados. Para o comprador, às vezes é difícil detectar um problema ou defeito antes da compra. Isto é o que Akerlof chama de "assimetrias de informação". Por conta disso, os compradores no mercado sempre terão a pulga atrás da orelha e irão querer pagar um baixo preço por carros usados, por não saberem ao certo sua qualidade. Ou seja, os compradores nunca sabem ao certo se estão encarando um "limão" ou uma "cereja".

Ocorre que aqueles proprietários de "cerejas" não colocam seus carros usados no mercado, pois não querem vendê-los a preço de banana. Assim, o mercado de carros usados acaba sendo infestado por "limões", o que acaba fazendo os preços caírem mais ainda. Isto é o chamado princípio da "seleção adversa". 

Mas o que isso tem a ver com a nova temporada de O Aprendiz?

Explico...

... mas antes de mais nada, gostaria de dizer que não estou chamando os participantes de "cerejas" nem "limões"...

... apenas estou dizendo que o elenco é um caso clássico de seleção adversa.

Se vocês repararem, temos dois grupos distintos: a "velha guarda" (participantes da primeira à quinta temporada) e a "nova guarda"(participantes a partir da sexta temporada). Com raras exceções, os participantes não têm muito a perder. Os membros da velha guarda, em geral, trabalham em seus próprios negócios e estão em um estágio em que podem tentar se aventurar um pouquinho, delegando as atribuições do dia-a-dia para um terceiro. Os membros da nova guarda, em geral, ainda têm uma longa carreira pela frente e podem correr o risco de se aventurarem. Se não der, não deu. Só irão mesmo ter dado uma polida no currículo.

Aqueles que têm muito a perder não toparam participar desta temporada. Como já comentei aqui neste blog, foi difícil para a Produção montar o elenco, pois muita gente recusou o convite. Novamente, não estou dizendo que os atuais participantes são ruins (eu particularmente gosto muito do elenco). Só estou dizendo que o elenco não é ideal porque quem está participando não tem tanto a perder quanto aqueles que recusaram a oferta de uma segunda chance (apenas reiterando, senhora Watanabe, há exceções).

E isto é um problema seríssimo de seleção adversa, o que é bastante preocupante. O que nós queremos é um elenco de participantes com muito a perder, para dar sangue nas tarefas. Não queremos gente com a mentalidade de "se não der não deu", ou que é ainda pior, "eu mereço ganhar porque fui demitido/a injustamente da primeira vez".

Enfim, qual será a real motivação de cada uma destas 16 pessoas para retornarem para esta segunda chance? Será que estão de fato hiper-motivados?